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Gaby Amarantos e Lia Sophia falam sobre a explosão da música do Pará

Por Carol Almeida
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Neste mês o Canal Brasil estreou a série documental Brasil Adentro – Música do Pará, uma produção que percorre por várias gerações de músicos do Pará para criar uma panorama da diversidade de sons que o estado produz. Apresentado por Charles Gavine exibido sempre às quintas, às 20h, a série traz também depoimentos da mais nova geração de artistas que carrega a bandeira paraense pelo Brasil. Entre elas, as cantorasGaby Amarantos e Lia Sophia, que deram entrevistas exclusivas à MONET sobre seus papéis no cenário da música do Pará. Confira.
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Gaby, como ritmos como o carimbó, a guitarrada e o lundu podem se beneficiar do grande sucesso que o chamado ‘tecnobrega’, e particularmente o teu trabalho, alcançaram nesses últimos anos?
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Gaby Amarantos – São vários fatores, mas acredito que esses estilos regionais são fontes que alimentam grande parte da música brasileira e essa função já é de suma importância. Meu trabalho tem um pouco de cada e, de vez em vez, pretendo ajudar as pessoas a compreenderem um a um. No meu disco, todos esses elementos estão presentes. Mas as pessoas compreenderam somente o que é tecnobrega. Existe um grande equívoco cultural que nos aprisiona, por outro lado começamos a ter maior interesse por nós mesmos e isso faz com que a música brasileira feita no Norte tenha destaque.
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Lia, você nasceu na Guiana, morou a infância e parte da adolescência no Macapá e finalmente chegou a Belém do Pará. De que maneira essa ‘peregrinação’ influenciou diretamente na tua música? Hoje você acredita haver algum tipo de identidade paraense em teu trabalho?
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Lia Sophia – Trago em minha música a marca de cada um desses lugares. Da Guiana o zouk, o merengue e toda a latinidade vinda pelas ondas das rádios e mesmo pela fronteira, nos discos trazidos de lá. De Macapá os sons dos tambores afro-indígenas dos batuques e do marabaixo e de Belém o carimbó e o brega. Todas essas influências são presentes desde a infância, já que os meus pais sempre ouviram muita música em casa. O Pará está super presente na minha identidade musical. A guitarrada, o brega, o carimbó aparecem naturalmente nas minhas composições e por consequência nos shows.
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Assim como aconteceu com o manguebeat nos anos 90, a música paraense parece hoje dar um novo vigor à cena musical brasileira e, também como no manguebeat, esse é um movimento que vem da periferia para o centro. É possível dizer que os olhos e ouvidos da periferia são aqueles que mais amplamente vêem e escutam o mundo?
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Gaby Amarantos – Acredito que o que ocorre desta vez é reflexo de vários movimentos como o manguebeat, o funk carioca e o rap paulistano. Agora o Pará se beneficia do legado de compreensão deixado por todos esses ascendentes culturais, e essa tal “periferia na moda” nos aponta um momento econômico que o país vive mas acima de todo, a carência comportamental que hoje almeja essa tal liberdade periférica. Sou uma mulher da periferia que tem uma espécie de vida dupla, e quando me encontro cantora desfruto das mais fartas regalias e convivo com pessoas de todas as classes sociais, isso me leva a perceber essa vontade de ser da “perifa” nas pessoas que são das classes “altas” e a música é um dos principais canalizadores de um princípio livre. Os valores estão se invertendo e pessoas que têm atitude de mostrar que a vida na favela, morro ou baixada pode ser ótima faz com que todo o trabalho coletivo, comunitário e musical comesse a ser finalmente compreendido.
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O que a cada vez mais prolífica cena musical do Pará tem a ensinar ao resto do Brasil?
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Lia Sophia – Bem, o que fazemos por aqui é ter orgulho de nossas raízes, além de aceitamos muito bem essa miscigenação de influências africanas, indígenas e caribenhas. Estamos apresentando para o Brasil novos ritmos, novas danças, novas possibilidades para a música brasileira. A sonoridade amazônica, a sonoridade da periferia do pais está deixando a sua marca e está fazendo história.
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De que maneira você contribui para a cena musical do Pará? E por que esse trabalho de colaboração é tão importante pra você?
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Gaby Amarantos – Procuro contribuir de diversas formas e faço com o amor que me move a ser uma das agentes divulgadores dessa fonte inesgotável que é o Pará, nossa colaboração mútua é gratuita e se deu de forma natural, quando percebemos estávamos compondo juntos e participando uns dos discos dos outros e caminhamos para a independência e profissionalização de nossos artistas e vários movimentos me motivam, a Tropicália, Clube da Esquina, Bob Marley, Fela Kuti, e o próprio Chico Science, me ajudam a compreender melhor o que posso fazer pela cultura da minha comunidade.
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Confira abaixo clipes de Gaby Amarantos e Lia Sophia.
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fonte: http://revistamonet.globo.com
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